domingo, 17 de junho de 2012

Juventude desregrada!




Meu reflexo no espelho dizia mais do que qualquer outra coisa. Olhos vermelhos. Pele irritada. Boca seca. Audição confusa. Cabelos despenteados (rigorosamente de acordo com a moda). Barba por fazer (idem). Uma sensação de enjôo e uma dor de cabeça que começava a incomodar. Nada ali fazia muito sentido. Não sabia o porquê, nem como tinha chegado até ali. Um turbilhão de dúvidas brotavam em minha cabeça. Onde estou? Como vim parar aqui? O quê que eu usei? Como vou pra casa? Casa?

A porta do banheiro se abriu e uma pessoa que eu nunca vi mais gorda gritou:

- Vamos cara, tá no melhor! Tá perdendo!!!

Quem era ele? Perdendo o quê? Me olhei mais uma vez no espelho, lavei o rosto e me observei por alguns segundos. Tinha prometido a mim mesmo que nunca mais voltaria a usar drogas. Naquele momento tinha a plena convicção que tinha quebrado essa promessa. Não lembrava de muita coisa, mas a sensação pós-efeito era inconfundível. Olhei pro relógio: eram 2 da madrugada. Hora de ir pra casa? Que dia era hoje?!?!

Criei coragem e saí do banheiro. O ambiente era estranho. Uma casa, um clube, uma boate. Não sabia ao certo. A música era alta e ininteligível. Na verdade não poderia dizer se a música era assim ou os meus sentidos não me permitiam distinguir som de ruído. Comecei a caminhar entre eles e, aos poucos, fui rememorando. Alguns rostos conhecidos, outros nem tanto. Algumas bebidas conhecidas, outras nem tanto. Um cigarro. Outro. Estava de volta à festa.

Logo tudo fazia sentido. Estava no local certo. Aquele era meu lugar. Dancei, pulei, cantei, beijei e usei de tudo um pouco. Nem me dei conta do quanto aquilo tudo me parecia estranho há alguns minutos. Estranho estava eu naquele banheiro...

Abri os olhos. Era dia e o sol rasgava minha visão. Onde estava? Sensações conhecidas voltavam a me castigar. Reconheci o local aos poucos. Estava em casa. Na minha casa. Como tinha chegado lá? Que horas são? 3 da tarde. Que dia é hoje? Pouco importa.

Me levanto e tomo um banho demorado....pensamentos soltos vem e vão, vão e vem....família? Dinheiro? Trabalho? Estudo? Nada me incomoda ou preocupa...não sei bem ao certo o porquê...

Toca o telefone:

- E ai cara? Vai hoje? Te pego às 19:00 h!

Pronto! Mais uma noite que chegava....mais um dia que começava....começava no final e terminava no começo! Sempre mais do mesmo... bebidas, cigarros, mulheres, drogas....que bom...


Um comentário:

  1. Sei não, mas essa descrição do efeito da droga é tão realista que não é nada animadora! Cada vez menos entendo o porquê de tanta gente acabar sua vida assim...Deus abençoe a juventude de nosso filho. Que ele se divirta muito, mas passe bem longe dos malefícios das drogas!

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