sábado, 29 de agosto de 2015

Universidade Federal do Cariri oferece 10 vagas para professor efetivo

A Universidade Federal do Cariri (UFCA) está com inscrições abertas para o preenchimento de dez vagas de professor efetivo.




O edital nº 31/2015 disponibiliza quatro vagas nas áreas de clínica médica, semiologia, nefrologia, clínica cirúrgica, urologia/internato e saúde coletiva.

O edital nº 32/2015 oferece quatro vagas para o Centro de Ciências Sociais Aplicadas, nos setores de estudo Cálculo Numérico, Construção Civil – Instalações Prediais e Técnicas de Construção; Construção Civil – Materiais de Construção Civil; e Estruturas.

Já o edital n° 34/2015 lança duas vagas para os setores de Administração Pública, Produção e Logística para candidatos com titulação em doutorado.

SERVIÇO

Acesse:  http://forms.ufca.edu.br/

Fonte: Blog do Eliomar

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Hospital Regional Norte abre seleção para diversos cargos! Salários chegam a R$ 6.067,63!


O ISGH - Instituto de Saúde e Gestão Hospitalar lançou o edital nº 027/2015 que disciplina a Seleção Pública de diversos cargos e funções para trabalharem junto ao Hospital Regional Norte em Sobral-CE.

As inscrições vão de 24 de agosto até 11 de setembro e podem ser feitas através do site do Pró-Município (clique aqui)

Os cargos, funções e salários oferecidos são os seguintes:


Você pode também acessar diretamente o edital clicando aqui.

Aproveitem!!!




quarta-feira, 5 de agosto de 2015

5 truques de lavagem cerebral que funcionam, não importa quão inteligente você seja!

O mundo está cheio de pessoas que sofreram lavagens cerebrais e fizeram coisas absurdas, como se matar ou matar a outros. É claro que isso nunca vai acontecer com você, que é bem educado e inteligente, não é mesmo?

Exceto que não funciona assim. Mesmo os mais espertos estão sujeitos a apoiarem causas não tão espertas, por conta de coisas como:

5. Ideias não importam – as pessoas só se preocupam com o que “funciona”

razoes pelas quais as pessoas sofrem lavagem cerebral 5

 
Cientologia é um conjunto de crenças e práticas relacionadas a autoajuda. Enquanto seus cursos incluem conselhos interessantes, a cientologia também ensina que o governante do mal Xenu congelou bilhões de vítimas e escondeu-as em vulcões da Terra.

Por que cargas d’água as pessoas abraçam essa e outras mitologias aparentemente bizarras? Bom, porque tem coisas na cientologia que funcionam. Por exemplo, eles recomendam que as pessoas se concentrem em completar uma tarefa rapidamente e corretamente, esquecendo-se de todas as outras coisas que também precisam fazer. Então, uma vez que essa tarefa for concluída, as pessoas têm a confiança para avançar para a próxima e conseguem fazer tudo que querem.

A cientologia não inventou isso – provavelmente só adaptou essa ideia de tantas outras que existem e que funcionam há séculos. Mas aqui está a chave: quando um cientologista (ou qualquer outra pessoa que tenha qualquer outra crença) diz que isso funciona, é verdade. Funciona. A mitologia adjacente já não é tão importante – se dizem que a técnica funciona por causa de seres pequenos alienígenas que vivem dentro do seu corpo, beleza por você. Isso não muda nada.

Nós não temos espaço no cérebro para manter o controle de como tudo no mundo funciona – por isso, não estamos interessados em explicações científicas complexas sobre por que aqueles conselhos dão certo. Você pode se sentir superior a um cristão que não acredita em evolução, por exemplo, mas em algum lugar há um engenheiro que se sente superior a você por você não saber como funciona o seu iPhone. No fim das contas, a realidade é que você não sabe como o seu iPhone funciona porque saber isso não iria mudar o seu uso desse objeto no dia-a-dia. Da mesma forma, pensar que a Terra tem apenas 6.000 anos de idade não muda muita coisa no seu dia-a-dia, mas outros conselhos, como ter autodisciplina e paciência, podem de fato ajudá-lo, então você aceita o pacote inteiro e prontoacabou.
E SIM, todo mundo FAZ ISSO.

4. O outro lado é sempre pior

Você está assistindo O Senhor dos Anéis. De um lado da batalha, tem essas pessoas:

razoes pelas quais as pessoas sofrem lavagem cerebral 4-

Do outro lado, tem isso:

razoes pelas quais as pessoas sofrem lavagem cerebral 4

Para quem você torce? Fácil. Se amanhã você topasse com um grupo de caras em um beco lutando contra orcs, você iria se juntar aos caras, sem sequer perguntar sobre a natureza da briga. Não importa – você iria lutar ao lado dos humanos, mesmo que eles fossem neonazistas.

É isso que acontece com a maioria das pessoas que você vê lutando por uma causa realmente terrível ao lado de pessoas terríveis: elas estão fazendo isso porque pensam que estão lutando contra um inimigo que é pior ainda.

As pessoas definem-se principalmente pelo que odeiam. É mais comum ouvir alguém falando mal de Bieber do que defendendo sua banda preferida, ou xingando um candidato político do que exaltando outro.

A verdade é que um grupo de pessoas de fato alimenta a adesão a outro grupo de pessoas com ideias opostas e há uma relação simbiótica estranha entre esses dois “lados”, que é o que garante a sobrevivência de ambos.

Esse também é o motivo pelo qual as pessoas sempre atribuem características negativas a seus “inimigos” que não são de fato relacionadas com quem elas discordam. Por exemplo, não é o suficiente dizer que os antifeministas estão errados ou equivocados; temos que dizer que eles são gordos frustrados assexuados (então a resposta desses gordos frustrados assexuados é que feministas são mulheres irritadiças e fracas ou homens efeminados). Os conservadores são caipiras ignorantes, os liberais são hippies sonhadores, e assim por diante – essa é a chave para manter o foco sempre em quão desumano o outro lado é, de modo que nunca temos de olhar para nossos próprios umbigos.
Nós vamos desculpar qualquer coisa dentro do nosso próprio movimento, porque não importa o quão errado, bisonho ou ilegal ele seja, pelo menos nós não somos orcs.


3. Pertencer a um grupo importa mais do que ter uma opinião sensata

razoes pelas quais as pessoas sofrem lavagem cerebral 3

 
Se você chegar em casa e ver um estranho batendo em sua mãe, você não vai perguntar: “Senhor, qual é a natureza de sua disputa? O que ela fez para você?”. Não, você vai pegar uma faca e mergulhá-la nas costas desse filho da p***. Naquele momento, a lealdade a sua mãe supera qualquer outra coisa.

Da mesma forma, se você conversar com alguém que esteve em uma guerra e perguntar-lhe como ele conseguiu fazer tudo o que fez, a pessoa provavelmente não vai dizer que foi o seu amor pelo país ou sua crença na causa (muitos soldados nem sequer podem articular a razão que levou às batalhas nas quais lutaram). Não. O soldado certamente vai responder que aguentou firme pelo cara que estava do lado dele. Ele precisava ajudá-lo, do mesmo modo que o colega o estava protegendo também. É assim que as pessoas em guerras sobrevivem e não pensam no que estão fazendo – porque precisam cuidar umas das outras.

É também a razão pela qual nós gostamos de torcer por equipes esportivas, é a razão pela qual adolescentes formam panelinhas e é a razão pela qual as pessoas se unem a gangues.

Queremos pertencer a um grupo, uma “tribo”. Desde que essa tribo não tenha qualquer crença que seja absolutamente repulsiva para você, qual é a crença em si não importa. Por exemplo, um ex-neonazista já contou que se juntou a um grupo de skinheads antes mesmo de saber que eles eram skinheads. Antes apenas um grupo de pessoas que saíam juntos, foi como se eles tivessem decidido um dia que agora odiavam judeus. E esta é a chave: se alguém aparecesse e falasse para esse ex-neonazista que seus amigos eram idiotas vendedores de ódio, ele teria ouvido isso como uma crítica às pessoas mais próximas a eles. “Vendedores do ódio?!? Eu confio nos meus manos com a minha vida!”.

“Mas”, você insiste, “eu nunca odiaria todo um grupo étnico de pessoas só para agradar meus amigos!”. Talvez não, mas há maneiras mais sutis de ser arrastado para dentro de um grupo sem concordar totalmente ou sequer entender suas ideias e crenças. Seja honesto: você provavelmente nem conhece todas as propostas que seu candidato político fez, e votou nele mesmo assim. Pior: o defendeu mesmo sem poder dizer o que ele defendia.

Muitas vezes, quando uma nova controvérsia de qualquer natureza surge – biscoito ou bolacha? -, a maioria das pessoas não estuda cuidadosamente a questão para descobrir como se sente e o que pensa dela. Não. Elas apenas seguem sua tribo. Frequentemente, adotam opiniões alheias como suas (porque foi meu pai que falou, ou aquele amigo que eu acho que é inteligente!). Além disso, acham que entendem de algo porque viram uma única informação vinda de uma fonte conhecida (mas não necessariamente com credibilidade), quando a realidade é que provavelmente têm chocantemente pouco conhecimento sobre o assunto o qual estão opinando.

Meu ponto não é que todo mundo seja idiota e hipócrita. Meu ponto é que nós não temos espaço em nossos cérebros para manter controle de tanta informação, e nossa primeira prioridade é pertencer a um grupo – isso garante companhia, apoio, sobrevivência. Não é culpa de ninguém, mas significa que você não vai mudar a cabeça das pessoas apenas bombardeando-as com informações.


2. Geralmente, todo mundo tem o mesmo código moral, só que o usam de forma diferente

razoes pelas quais as pessoas sofrem lavagem cerebral 2

 
Você se considera moralmente superior às pessoas que costumavam queimar bruxas? Eu espero que sim – essas pessoas sequestravam homens e mulheres inocentes e os executavam com base em uma superstição ridícula.

Mas e se, em uma surpreendente reviravolta, nós descobríssemos que as bruxas não apenas são reais, mas que tudo dito sobre elas é verdade? Que elas de fato têm poderes mágicos obscuros que usam para torturar e assassinar pessoas em massa? E, uma vez que são mágicas, que a única maneira de pará-las é matando-as? Quero dizer, você aplaudiu quando Voldemort morreu, não?

Tá-dá! Fica claro que você não é, necessariamente, mais tolerante do que os caçadores de bruxas – você apenas não compartilha de sua crença em bruxas. Seu código moral pode de fato ser exatamente o mesmo do deles – você só discorda sobre esse fato em particular. E fatos podem estar certos ou errados, mas não podem ser morais ou imorais.

É isso que acontece em praticamente todo debate político. Ambos os lados concordam com o princípio moral de que a tirania do governo é ruim. Eles simplesmente discordam sobre se os ideais de um ou de outro são um exemplo de tirania do governo.

Mas não conseguimos ver claramente essa questão moral. A fim de preservar a narrativa “bem contra o mal”, muitas vezes as pessoas decidem que o outro lado do debate está simplesmente mentindo sobre o que acreditam. “Os caçadores de bruxas nem sequer pensavam que bruxas existiam, eles só queriam uma desculpa para mutilar mulheres!”.

Isso é sem dúvida verdade em alguns casos, mas não na maioria. Isso não impede ambos os lados de desejarem acreditar que o seu inimigo é realmente pior. Só não é o caso. As pessoas de lados opostos de certas questões na verdade geralmente possuem os mesmos valores morais, embora possam priorizá-los de forma diferente.

Se você quer um exemplo cotidiano disso, basta pensar naquele amigo chato que é excessivamente franco com suas opiniões, arruinando o bom humor alheio por onde passa. Não é que ele seja imoral; é que ele está priorizando um valor moral (honestidade) em detrimento de outro (minimizar danos emocionais). E torna-se ainda mais difícil odiá-lo quando você percebe que ele está realmente fazendo escolhas morais corajosas todos os dias – ele pode ter tomado uma decisão angustiante de dizer que sua camisa parece algo que um urso cagaria depois de comer um palhaço porque viu isso como a coisa “certa” a fazer, de acordo com sua moral interna. Provavelmente, é o que ele gostaria que você fizesse por ele, caso um dia ele usasse uma camisa que parece algo que um urso cagaria depois de comer um palhaço.

1. A maioria das pessoas caem em sua “tribo” por acidente

razoes pelas quais as pessoas sofrem lavagem cerebral 1-


Se você procurar livros que explicam por que as pessoas brancas são a raça superior do mundo, você vai encontrar uma coincidência surpreendente quando olhar para os seus autores: eles são todos brancos.

Louco, não? Qual a probabilidade???

Ano passado, a revista TIME fez um experimento no ano passado onde antecipou com precisão as convicções políticas de americanos apenas pedindo-lhes que respondessem uma série de perguntas completamente não políticas, como “Você prefere gatos ou cães?” e “Seu espaço de trabalho é organizado ou bagunçado?”. Outro estudo descobriu que você pode antever a posição política de alguém estudando como seu cérebro processa riscos.

É. Não é difícil prever o grupo no qual uma pessoa pensa que se encaixa. Geralmente, elas acreditam que a pior característica que uma pessoa pode ter é justamente algo que para elas é fácil não ter. Por exemplo, muitas pessoas em forma acham que os gordos são “lesmas preguiçosas” – para elas, as pessoas não estão no mesmo nível que elas por culpa própria. Muitos ricos também pensam que pobres são inferiores por serem vagabundos que não querem trabalhar ou estudar. E daí por diante.

Tudo isso pode parecer preconceito – e provavelmente é -, mas assim que é a vida: você apoia os grupos dos quais você por um acaso faz parte. Você pode pensar nisso como sua “Configuração de Padrão Moral”, e ela é em grande parte determinada por onde você nasceu, como você foi criado e em qual grupo de amigos você caiu.

Se você quiser ver sua Configuração de Padrão Moral em ação, imagine que você e sua mãe foram visitar um país estrangeiro. Na entrada, eles exigem que todas as mulheres removam suas camisas e sutiãs para que possam ser fotografadas para fins de identificação. Você acha isso nojento e misógino – secretamente, eles só querem ver tetas e são uma cultura estranha e machista.

E, no entanto, quando mulheres muçulmanas levantam essa mesma objeção quando precisam remover suas coberturas de cabeça para fotos de identificação em países estrangeiros, nós dizemos que SUA cultura é primitiva e misógina – porque as suas regras arbitrárias sobre quanto do corpo de uma mulher deve ser coberto em público são lógicas e respondem ao bom senso, enquanto as dos outros são o resultado de superstição e loucura.

Na realidade, ambos estão apenas reagindo ao seu “Ambiente Moral Padrão”, como se fosse uma verdade absoluta proferida na criação do universo. Que outras pessoas têm diferentes padrões – e acreditam neles tão fortemente quanto você – é um fato quase impossível de compreender.

razoes pelas quais as pessoas sofrem lavagem cerebral 1

Admita: você secretamente tem certeza de que se tivesse vivido no Brasil escravo como um homem branco, teria sido um dos mais não racistas. Você também teria sido um dos jovens alemães que não foram sugados por Hitler. Ao imaginar-nos transportados para outro tempo e lugar, nós sempre assumimos que nosso Ambiente Moral Padrão de alguma forma viaja com a gente, porque não podemos conceber uma vida sem ele.

E esse ambiente é o que faz com que seja praticamente impossível realmente entendemos e respeitarmos uns aos outros. Quando você tenta fazer com que alguém desvie de seu próprio padrão, meu amigo, é quando todos os outros itens nesta lista reúnem-se em um único Power Ranger para se opor a você. Você está pedindo a ele para A) abandonar o que funcionou para ele até agora, B) deixar os bastardos maléficos do lado oposto ganharem, C) trair seus amigos e D) abraçar o que ele vê como imoralidade.

Muitas pessoas preferem, literalmente, morrer do que desviar de sua Configuração de Padrão Moral, também conhecido como mudar de opinião.



Fonte: hypescience.com

domingo, 2 de agosto de 2015

O que é um professor universitário?

 Por Prof. Marcos Melo

No Brasil, é comum ouvir bizarrices como “O Prof. Fulano reclama de dar aulas demais, mas o cargo dele é de professor, né?”. Ou seja, há muita confusão sobre quais seriam as reais atribuições de um professor universitário. Como esse é o cargo mais importante na carreira acadêmica, vale a pena dedicar um post inteiro a esclarecer essa questão.

É claro que, na prática, o que cada professor faz no dia a dia varia muito entre universidades. Na verdade, há uma enorme variação mesmo entre professores de uma mesma universidade. As atribuições também vão mudando, conforme se progride verticalmente na carreira: substituto > assistente > adjunto > associado > titular. Aqui não vou tocar em problemas como concursos-gincana, acomodação, estabilidade fácil, isonomia salarial, salário defasado em relação à inflação etc., que merecem outros posts. Vou focar no sentido maior do cargo.

Em outros idiomas e culturas, a diferença entre um professor universitário e outros tipos de professor fica clara já no vocabulário. Por exemplo, no inglês, o termo professor se aplica apenas ao professor universitário, enquanto teacher é o professor de escola e lecturer é o docente universitário, geralmente com doutorado, mas sem título de professor. Sim, nos EUA, Inglaterra e outros países, professor, mais do que um cargo, é um título. No alemão também se diferencia o professor universitário através do termo Professor, enquanto quem dá aulas em escolas é um Lehrer e quem dá aulas na universidade sem ter o título de professor é um Dozent. Não é uma questão de qual tipo de professor é melhor do que o outro, blablabla. Cada professor tem o seu papel no sistema educacional e todos são importantes. É apenas uma questão de diferenciar as carreiras e títulos, para se definir claramente o que se espera de cada professor.

Então o que diferenciaria o professor universitário dos outros? Simples: esse cargo foi inventado para ser ocupado por profissionais que associam pesquisa e ensino. Sim, essas duas atividades são indissociáveis no conceito original de professor universitário. Mas, por que, Marco? Porque espera-se que um professor universitário esteja sempre na vanguarda da sua área. Espera-se que ele atue na formação de profissionais de nível superior, ensinando-lhes não apenas o conhecimento já sedimentado, mas também as novidades e macetes.

Para se formar em uma profissão de nível superior, o aluno tem que ser apresentado tanto aos fundamentos quanto à vanguarda. Acima de tudo, espera-se que um professor universitário produza ele mesmo algumas novidades. Sim, um professor universitário tem a obrigação não apenas de transmitir, mas também de produzir conhecimento. E a transmissão de conhecimento se dá principalmente em sala de aula, passando informações  consolidadas para os aspiras, e também divulgando descobertas em revistas técnicas indexadas e revisadas por pares. Então um professor universitário tem que fazer pesquisa também? Sim, claro! Ninguém se atualiza tanto em uma área, quanto alguém que precisa disso para fazer as próprias pesquisas, porque ama a ciência.
And the plot thickens… Pelas leis brasileiras federais e estaduais, a carreia de professor universitário envolve, em geral, cinco pilares:
  • Ensino: coordenação e participação em disciplinas de graduação e pós-graduação, presenciais ou à distância.
  • Pesquisa: investigação científica ou tecnológica para produção de conhecimento. Na verdade, a área da pesquisa envolve mais um monte de coisas além da investigação e publicação, como revisão de artigos, editoração de revistas científicas, organização de congressos, administração de sociedades científicas, consultoria para agências de fomento, assessoria à imprensa, assessoria política dentro da área em que é perito e muito mais.
  • Orientação: formação de novos cientistas através de estágios e projetos orientados de iniciação científica, mestrado, doutorado e pós-doutorado.
  • Extensão: assessoria e divulgação de conhecimento científico e técnico para o público externo à universidade através de consultoria, palestras, cursos, exposições, museus etc.
  • Administração: cargos de chefia em geral, cargos em órgão representativos da universidade (câmaras, conselhos, congregações), gerenciamento de projetos, captação de verbas externas, contabilidade, direção de laboratórios, etc.
Dependendo da universidade e do seu regimento interno, espera-se que o professor universitário envolva-se com no mínimo dois ou três desses pilares. Os melhores professores acabam se envolvendo com todos. O único pilar obrigatório é o ensino. Só fica desobrigado parcial ou totalmente de dar aulas quem ocupa altos cargos administrativos, como chefe de departamento, diretor de instituto, pró-reitor ou reitor. Significa que, na prática, nem todo professor universitário é obrigado a fazer pesquisa.

Vamos destrinchar um exemplo mais concreto: as universidades federais brasileiras. De acordo com a lei que rege essas instituições, o professor universitário “padrão” (sem cargo de chefia ou outras condicionantes) é obrigado a dar de 8 a 12 créditos por semestre. Cada crédito representa mais ou menos 15 h em sala de aula. Ou seja, o sujeito é obrigado a passar dentro de sala entre 120 e 180 h por semestre. Um professor dedicado, que de fato gasta tempo e energia com as aulas, precisa de no mínimo 2 h de preparação (slides, leituras, material biológico para aulas práticas, preparação de computadores etc.) para cada 1 h em sala. Vamos considerar que uma disciplina obrigatória de graduação tem 4 créditos (60 h) e costuma ser organizada de forma a ocupar 4 h em sala por semana. Logo, das 40 h de trabalho semanais determinadas por lei, o professor acaba passando pelo menos 12 h envolvido com a disciplina. Isso, fora as horas gastas com atendimento de alunos e correção de trabalhos. Assim, a conta pode facilmente chegar a 16 h por semana ocupadas com cada disciplina e piora na época das provas e entrega de trabalhos, se o professor não contar com ajudantes. Supondo uma turma com cerca de 60 alunos, imaginem a seriedade da ralação. E, já que o mínimo são 8 créditos, o que nós, professores, enfrentamos é isso vezes dois, pelo menos.

Para se ocupar com 2 disciplinas de 4 créditos por semestre, totalizando 8 créditos, e realmente ministrá-las com qualidade, o professor universitário não poderia se envolver com mais nada! A quem estamos enganando? A única forma de aliviar essa carga é através da ajuda de pós-graduandos que atuam como tutores e graduandos que atuam como monitores. Mas nem todo professor ou toda disciplina contam com o apoio de auxiliares. Os tutores remunerados conhecidos internacionalmente como “TAs” (teaching assistants), comuns nos EUA, Alemanha, França e UK, chegaram a ter uma versão brasileira temporária durante o Reuni. Só que o programa foi planejado para durar apenas cinco anos. Só para variar, nada é pensado a longo prazo neste país, tudo é paliativo, tudo é jeitinho. Como alguém pode se dedicar de verdade à pesquisa de ponta tendo sobre os ombros o peso de uma carga didática massacrante como essa? Como alguém pode fazer extensão e atender de outras formas o mundo real fora da Academia, sendo obrigado a dar aulas igual a um burro de carga? Na verdade, como seria possível conciliar qualquer um dos outros quatro pilares da carreira com um ensino de qualidade em grande quantidade?

O Brasil tem um verdadeiro fetiche pela sala de aula! Em universidades de ponta, a carga semestral obrigatória do professor não ultrapassa 4 créditos. Na prática, os professores e alunos passam muito menos tempo em sala, justamente porque se dá mais valor à independência dos aspiras. O bom aluno do ensino superior gasta a maior parte do seu tempo estudando por conta própria, sozinho ou em grupo, através de tarefas orientadas ou leitura espontânea. O momento em sala com o professor na aula teórica (lecture ou Vorlesung) serve para apresentar ou consolidar o conteúdo principal, receber orientações, tirar dúvidas e passar tarefas.

No Brasil, castramos a individualidade, a criatividade, a autonomia, a iniciativa e o livre pensamento, porque insistimos em adestrar os alunos em cativeiro. Ok, estou divagando. Voltando ao ponto de vista do professor, dá para entender porque nunca chegaremos ao mesmo nível de qualidade em ensino e pesquisa do primeiro mundo? Ficou claro porque estamos fadados a enxugar gelo e ficar sempre dois passos atrás dos nossos colegas mais afortunados?
Por favor, nunca mais diga que um professor universitário brasileiro não pode reclamar de dar aulas demais, porque “tem cargo de professor”. Isso é tão estúpido quanto dizer que um professor universitário que tem bolsa de produtividade está desrespeitando a dedicação exclusiva, porque é também “pesquisador do CNPq”.