Dados da edição de
2012 da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, encomendada pela Fundação
Pró-Livro e pelo Ibope Inteligência, mostram que os brasileiros estão cada vez
mais trocando o hábito de ler jornais, revistas, livros e textos na internet
por atividades como ver televisão, assistir a filmes em DVD, reunir-se com
amigos e família e navegar na rede de computadores por diversão.
A pesquisa,
divulgada nesta quarta-feira (28), revelou uma queda no número de leitores no
país: de 95,6 milhões, registrada em 2007, para 88,2 milhões, com dados de
2011. O índice representa uma queda de 9,1% no universo de leitores ao mesmo
tempo em que a população cresceu 2,9% neste período.
Foram entrevistadas
para a pesquisa 5.012 pessoas em 315 municípios brasileiros entre 11 de junho e
3 de julho de 2011. Os entrevistadores classificam como leitores quem leu pelo
menos um livro nos três meses anteriores à pesquisa. O resultado de 88,2
milhões de leitores corresponde a 50% da população total de brasileiros com 5
anos ou mais (178 milhões).
O número de
entrevistados que afirmaram aos pesquisadores cultivar o hábito de ler durante
o tempo livre caiu 8 pontos percentuais entre 2007 e 2011, de 36% para 24%.
No mesmo período,
porém, a porcentagem de quem costuma ver televisão nas horas de lazer subiu de
77% para 85%. Vídeos e DVDs agora agora ocupam 38% das pessoas ociosas, contra
29% há quatro anos, e o hábito de navegar pela internet (mas sem de fato ler
textos por prazer ou para se informar) aumentou de 18% para 24%. As reuniões
com parentes e amigos também cresceu, de 31% para 44%. Os entrevistados puderam
escolher mais de uma opção.
A ministra da
Cultura, Ana Holanda, disse, após o lançamento da pesquisa Retratos da Leitura
no Brasil, que é preciso incentivar a leitura nos jovens. "Trabalhando com
o jovem, a gente forma o leitor para a vida toda", afirmou. Para a
ministra, é preciso afastar o jovem da ideia da leitura como uma obrigação
escolar. "É preciso mostrar o livro não como uma obrigação escolar, mas
como uma forma de ele conhecer dimensões que estão além dele, outras vias,
outras realidades", declarou.
De acordo com o
diretor do Ibope Inteligência, Hélio Gastaldi, o aumento da expectativa de vida
e a redução da concentração de brasileiros em idade escolar é um dos fatores
causadores da diminuição de leitores. Além disso, Gastaldi afirmou que a
leitura está mais pulverizada em diversos meios.
A presidente do
Instituto Pró-Livro, Karine Pansa, acredita que ainda levará tempo para que o
Brasil alcance níveis de leitura considerados ideais."A gente olha para
países com índice de oito livros por ano. São países europeus. Isso é um futuro
longo e a gente vai ter que batalhar muito por isso", disse.
Karina disse que é
necessário que os professores incentivem o hábito da leitura nos alunos, já que
a pesquisa os aponta como as pessoas que mais influenciam os indivíduos na hora
de ler."Se você ver o prazer que o seu professor tem pela leitura, você
vai se perguntar o porquê. E vai, no mínimo, ter essa inquietude de querer
saber por que ele gosta tanto daquele livro", afirmou.
Perfil
Atualmente, as
mulheres são maioria entre as pessoas com o hábito de ler pelo menos um livro a
cada três meses (57%), e as faixas etárias que mais reúnem pessoas com o hábito
de ler são entre 30 e 39 anos (16% do total), entre 5 e 10 anos (14%) e entre
18 e 24 anos (14%).
A queda do número
de leitores foi apontada em todas as regiões brasileiras, com exceção do
Nordeste, que ganhou um milhão de leitores entre 2007 e 2011, e onde a
penetração da leitura subiu de 50% para 51%. Hoje, 29% de todos os leitores
brasileiros vivem nesses estados, contra 25% em 2007. Por outro lado, no
Sudeste, a penetração caiu de 59% para 50% do total da população e hoje
responde por 43% do total de leitores, dois pontos percentuais a menos que na
última edição da pesquisa. Nas regiões Norte, Centro-Oeste e Sul vivem 8%, 8% e
13% dos leitores brasileiros, respectivamente.
Os leitores
brasileiros leram em média 1,85 livro nos três meses anteriores à pesquisa,
número menor que a média de 2007 (2,4).
Os textos escolares
são lidos com maior frequência: 44% dos leitores que leem esse tipo de texto o
fazem todos os dias, e outros 44% afirmaram que leem textos escolares de vez em
quando. O livro no formato tradicional vem perdendo espaço para os outros
suportes. Os leitores de textos na internet afirmaram que têm o hábito de usar
esse suporte com frequência: 38% o fazem todos os dias e 42% de vez em quando.
Por outro lado, quase metade dos leitores (46%) que afirmaram ler livros em
geral (ou seja, os que não são indicados pela escola, nem são jornais ou
revistas) admitiram que cultivam esse hábito apenas uma vez por mês. Apenas 21%
dessa faixa de entrevistados disse que lê livros em geral diariamente.
Ainda que o
resultado da pesquisa mostra o enfraquecimento do hábito de leitura no país, os
brasileiros se mostraram mais otimistas: 49% deles afirmou que atualmente lê
mais do que no passado, e 28% admitiu que vem perdendo este costume. Outros 20%
disseram que não aumentaram nem diminuíram o hobby de ler livros, jornais, revistas
ou textos na internet.
Fonte: globo.com
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