Essa canção foi parceria de Chico Buarque e Tom Jobim. Na época existia uma minissérie com o mesmo nome e os dois combinaram de fazer a canção tema. Tom fez a música e enviou ao Chico (que estava com o pé quebrado) para o mesmo fazer a letra.
Semanas se passaram e a minissérie ia estrear. Nada de letra. Ela estreou. Passaram-se semanas. Ela terminou. Só então Chico conseguiu terminar a letra. Segundo o próprio, por estar com o pé quebrado, ele acompanhou a minissérie e ficou emocionado com o que viu, o que o incapacitou de fazer a letra.
Chico Buarque também conta uma história que certa vez perguntaram ao Tom o que lhe agradava tanto no Jardim Botânico do RJ. E ele falou: - O som dos macucos. - No dia seguinte saiu no jornal que o Tom era atraído pelo som dos macacos. Meses depois perguntaram novamente sobre isso e ele, irônico, respondeu: - Gosto de ver os macucos pulando de galho em galho. - No dia seguinte saiu uma nota informando que o Tom gostava de ver os malucos pulando entre os galhos do Jardim Botânico.
Pois bem. Essas são apenas umas das poucas histórias desses gênios de nossa música.
Por hora falarei de Tom.
Lembro do dia em que ele morreu. Era 1994 e minha mãe gritava no corredor de casa:
- Meu bem!!! O Tom morreu!!!!
O plantão da globo era aterrorizante e aquilo fez sentido pra mim de imediato. Eu sabia o que aquilo significava pro meu pai, profundo admirador e executor de suas canções. O que ele sentiu se retratou nos meses seguintes: canções de Tom executadas e repetidas em demasia.
Devo muito de meu gosto musical ao meu pai. Suas influências foram marcantes. Não creio que conseguiria, eu, ter um acervo tão vasto e qualificado sem sua presença semanal (dominical) e direta.
Os domingos lá em casa eram sempre regados com muita música de qualidade, alegria, piadas, almoços, cerveja, violão, lembranças, saudades, choro, união...
A morte do Tom foi um ponto marcante nesse ritual. Depois que ele se foi, meio que ficou uma lacuna. As músicas dele nunca mais seriam as mesmas. Nem as do Chico. Nem as do Vinícius. Nem do Baden. João Gilberto. Toquinho...
Tudo ficou diferente... mais velho, mais sério, mais triste...talvez mais belo...
Hoje, quando escuto suas canções, ainda consigo ter aquele sentimento de descoberta e admiração. Consigo isso porque finjo. Imagino que estou escutando pela primeira vez. Simulo um primeiro contato e consigo sentir aquele frio na espinha, é indescritível...
Nosso maestro "Antônio Brasileiro" é mesmo assim: indescritível.
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