quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Aritana

Se viva fosse, hoje ela estaria completando 30 anos!

Idade absurda para um cachorro, é verdade. Talvez por isso eu tenha relutado tanto em ter outro animal de estimação depois de sua partida, há quase 17 anos.

Foi minha primeira perda significativa. Éramos próximos, muito próximos!

Talvez ela tenha sido minha maior amiga nos tempos confusos de adolescência. Ia sempre ao seu canil e conversava abertamente sobre tudo. Ela, pobrezinha, apenas resmungava vez ou outra, como quem quisesse responder. Eu quase que compreendia aquelas respostas. Às vezes mais agudas, às vezes mais parecendo rosnar... são momentos que nunca esquecerei...

Quando ela se foi, eu morava fora. Não tive como me despedir. Mas sei que no fundo ela sabe que eu estava lá com ela. Eu estava...

Descanse em paz minha irmãzinha. De muita coisa que tenho e sou hoje, devo às nossas tardes de brincadeiras, conversas... 



De tudo que carrego de lembrança de minha juventude, você é, certamente, o que tenho de mais puro e perfeito...

Saudades...

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

20 previsões para os próximos 100 anos

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A BBC compilou uma interessante lista de 20 possíveis acontecimentos notáveis para os próximos 100 anos baseando-se na contribuição de seus leitores e na curadoria editorial do genial futurista Ian Pearson. 

Se acreditarmos, como o escritor Wallace Stevens, que "a imaginação é a vontade das coisas", então talvez este exercício seja também uma espécie de profecia ou uma construção à distância temporal.
     
Para além de um intempestivo apocalipse, é possível que o mundo viva uma série de fascinantes mudanças, ao que parece sob o império da aceleração tecnológica, que leva a vanguarda quanto se refere ao desenvolvimento e transformação da natureza.




1. Os oceanos serão cultivados extensamente (mas não só com peixes).

Ian Pearson considera que esta tendência é inevitável, já que teremos que alimentar 10 bilhões de pessoas e a terra firme não terá mais pasto. O cultivo de algas para produzir energia renovável, para matérias primas e a extração de recursos é uma das alternativas mais plausíveis para a sobrevivência. Algas geneticamente modificadas para absorver mais nitrogênio poderiam liberar até 68% da água que é usada atualmente na agricultura convencional. Por outro lado recentemente descobriu-se que o fundo do oceano é similar a um bosque tropical quanto à enorme quantidade de biodiversidade e se revela como uma fonte de grande riqueza para o futuro (ainda que isso talvez signifique uma exploração indiscriminada).

2. Poderemos nos comunicar através de transmissões telepáticas.

Os editores da BBC pensam que isto é totalmente provável: "Recolher pensamentos e reproduzir em outro cérebro não será mais difícil que armazenar na Internet. A telepatia sintética soa como algo de Hollywood, mas é completamente possível, desde que a comunicação se entenda como sinais elétricos e não palavras".

Atualmente já existem numerosos aparelhos -alguns deles sem fio- que traduzem as ondas cerebrais de uma pessoa e o transmitem a uma máquina, de forma a controlar uma cadeira de rodas, por exemplo, com a mente. A complexidade das mensagens que podem ser traduzidas sem dúvida aumentará. O limite é difícil de marcar, mas alguns cientistas já mapeiam o cérebro para extrair imagens do mesmo, inclusive pesquisam a possibilidade de gravar os sonhos. Simultaneamente a neurociência avança de tal forma que identifica neurônios individuais para certos processos mentais: talvez em 100 anos poderemos conhecer literalmente o pensamento de outra pessoa a distância, sem a necessidade de que o exteriorize. Haverá quem, no entanto, considere que teria sido mais fácil desenvolver a capacidade natural de empatia (essa outra palavra para descrever o que conhecemos como telepatia.)

3. Graças à engenharia genética e à robótica teremos humanos hiper inteligentes que serão praticamente imortais

Ian Pearson acha que é provável que o ser humano consiga a imortalidade digital, isto é, que consiga descarregar uma consciência a uma máquina por um tempo ilimitado. Isto será assistido pela modificação genética que permitirá incrementar a longevidade "fazendo com que as pessoas se mantenham vivas até que a tecnologia de imortalidade eletrônica esteja disponível a um custo relativamente accessível". O futurista Ray Kurzweil, conhecido por seu tecno-otimismo, acha que isto ocorrerá no ano 2045 com a chegada da suposta Singularidade tecnológica, o ponto crítico de expansão exponencial do conhecimento: em outras palavras o momento no que a tecnologia nos fará surgir de nossas cinzas -ou trajes de macacos- para cruzar a ponte da história para o super-homem.

4. Poderemos controlar o clima.

Algo que os editores da BBC consideram muito provável, já que existe na atualidade tecnologia capaz de mediar tornados, gerar chuva e inclusive desviar meteoros (por não falar das versões conspiracionistas de que existe tecnologia para criar terremotos, como supostamente é o caso do HAARP). Assim mesmo, devido à mudança climática, está se empilhando um grande conhecimento sobre como funciona o clima e os sistemas meteorológicos. Existe uma corrente na ciência que é a favor da geoengenharia -incluindo Bill Gates-. Por outro lado há os que consideram que a modificação climática artificial significa um grande risco por alterar os padrões e ritmos naturais de um sistema holístico como o terrestre, algo que poderia ser similar a abrir a mítica caixa de Pandora.

5. A Antártida estará "aberta para os negócios".

Ainda que exista um movimento conservacionista para preservar a Antártida (assim como o Ártico) como uma espécie de reserva natural, também há crescente pressão para explorar os recursos (minerais, petróleo e gás) que podem existir nesta zona polar. Terá que ver se esta exploração acontecerá de maneira harmônica, respeitando leis internacionais ou acabará sendo, como costuma acontecer, um novo e descontrolado colonialismo industrial. Por outro lado poderia acontecer um novo conflito político internacional, já que, como todos sabemos, ali se encontra a entrada à civilização perdida de semideuses e, no Ártico, a reserva mundial de kriptonita, que será muito útil uma vez que sejamos invadidos pelos extraterrestres.

6. Apenas uma moeda global.

Os editores da BBC dividem-se neste caso. Por um lado consideram que é plausível, já que uma divisa eletrônica única poderia unificar e facilitar transações (e tem sido algo que diferentes organismos, desde a ONU e inclusive Rússia e China têm pedido). Por outro lado ante a crise econômica mundial, existe também uma tendência em sentido oposto (o fracasso do Euro poderia inclinar a balança). A Internet permite novas formas de intercâmbio de valor, como as bitcoins ou o dinheiro do Second Life. Analistas como Douglas Rushkoff chamam o regresso do dinheiro local, programado por pequenos grupos para permitir o intercâmbio fora dos asfixiantes paradigmas marcados pelos grandes bancos. Há que assinale também, que um dos supostos propósitos da chamado Nova Ordem Mundial seria justamente instaurar uma moeda global virtual que possa ser controlada por um banco central.

7. Nossos cérebros estarão ligados aos computadores com uma interface.

De novo isto é altamente provável, o emprego da nanotecnologia e da hibridização biotecnológica para aumentar a função cerebral é uma tendência sem retorno. Os editores da BBC acham que em 2075 o melhoramento das capacidades cognitivas com a ajuda das máquinas será algo tão distribuído, que aqueles que não tiverem acesso a esta tecnologia estarão defasados, talvez criando uma divisão entre humanos turbinados e humanos não turbinados.

8. Nanobots fluirão por nossos corpos arranjando nossas células.

Ainda que atualmente os nanobots existem só em teoria, este campo cresce com velocidade e não há nada (de novo, em teoria) que o detenha. Aparelhos microscópicos poderão interagir com nossos corpos a nível de células individuais e consertá-las em tempo real antes de que estas se degenerem.

9. Teremos conquistado a sonhada fusão nuclear.

Para 2040 isto será altamente provável. E então poderemos fazer como os núcleos das estrelas, gerando a energia cósmica fundamental que põe em movimento os astros no universo. No entanto os editores da BBC acham que a energia eólica não será das prediletas e se tornará impraticável e obsoleta.

10. Só três idiomas: mandarim, espanhol, e inglês.

Outra tendência forte com a globalização. Os idiomas "menores" estão desaparecendo a um ritmo acelerado e os outros idiomas maiores, excetuando se o português, como o alemão, o russo, o francês, são falados geralmente em áreas nas quais a maioria das pessoas falam também alguns destes três idiomas.

11. Pelo menos 80% do mundo aceitará o casamento gay.

Isto parece contundente no Ocidente e provavelmente signifique toda uma paleta de diversos casais disponíveis. Em outras regiões, onde a religião tem maior influência, permanecerá a resistência e nada ou pouco mudará.

12. A Califórnia liderará a ruptura dos Estados Unidos.

Já existem certos indícios de que Califórnia quer se separar dos EUA e isto poderia se intensificar. A enorme diferença entre a capacidade de geração de riqueza em um país tão grande pode ser uma bomba relógio; também, a diferença ideológica que é gerada em um estado próspero no qual coincidem diversas etnias e formas de conceber a existência poderia influir.

13. Elevadores espaciais se tornarão acessíveis as viagens siderais.

Aparentemente os elevadores espaciais constituem um passo lógico no desenvolvimento do turismo espacial e ao multiplicar-se tornarão menos custoso o transporte ao espaço, que, digamos, o voo em aeronaves como as da Virgin Galactic. Por outro lado o desenvolvimento em massa desta tecnologia supõe certa prosperidade mundial, algo que no momento contempla nuvens escuras em seu futuro.

 
14. As mulheres ficarão grávidas tanto por inseminação artificial quanto pelo meio tradicional.

Algo que no momento parece longínquo, mas se levarmos em conta que o diagnóstico de implantação pré-genética permite que um embrião seja selecionado por suas características mais favoráveis se torna cada vez mais popular e que já é possível descartar embriões que tenham doenças congênitas, em um futuro a inseminação artificial poderá se assemelhar ao desenho genético, onde se captarão somente os caracteres desejados.

15. Existirão museus para quase qualquer aspecto da natureza, já que a maioria dos habitats naturais estarão destruídos.

Esta fatídica predição tem o risco de converter-se em realidade se o ritmo de extinção de espécies e de consumo de recursos seguir crescendo. É possível que conquistemos um ponto de imortalidade tecnológica, mas na qual somente poderemos participar na natureza através de ambientes simulados ou pré-gravados. O mundo inteiro seria um museu cuja vitalidade seria preservada somente como estímulos elétricos programados em nosso cérebro.

16. Os desertos se converterão em bosques tropicais

Contrariando o item anterior de que mundo poderá se transformar em um museu de ciências naturais, isso poderia ser evitado se optarmos logo logo pela modificação climática e iniciarmos um processo de reverdecimento dos desertos.

17. O casamento será substituído por contratos anuais.

A instituição do casamento como conhecemos pode declinar. Em um futuro nem tão distante poderemos viver mais de cem e talvez centenas de anos, quando então a perspectiva de passar toda a vida com apenas uma pessoa deve se alterar. - "As pessoas desejarão casamentos que não durem para sempre e que não os deixem na falência quando acabem", diz Ian Pearson.

18. Nações soberanas deixarão de existir e se estabelecerá um governo global.

Pearson vê todo o contrário, a formação de pequenos países, alguns inclusive formados por corporações. A ponta de lança serão os multimilionários que controlam novas tecnologias que buscarão criar estados soberanos -pequenas utopias- em águas internacionais. Ainda que claramente temos a versão conspiracionsita de um estado global totalitário -com microchip incluído-. Ou a versão new age otimista em que todas as nações se unirão sob princípios elevados de liberdade e compaixão. Claro que para isto seria necessário um acontecimento transformador (ou cataclísmico) que altere radicalmente nossa forma de vida (e, lógico, nossa consciência).

19. A Guerra acontecerá meramente por controle remoto

Uma tendência relativamente forte com o desenvolvimento dos drones (aviões não tripulados). No entanto, a atração dramática de levar soldados à guerra para alimentar a máquina de sacrifício e criar entretenimento mediático é uma arma cujo desuso custará ainda um grande trabalho aos governos ocidentais.

20. Grã-Bretanha viverá uma revolução.

Apesar de trabalhar em uma empresa estatal, Ian Pearson, diferente dos demais não abandona a fleuma britânica, assinala que isto não é de todo provável. A verdade é que este último item indica mais um desejo desesperado dos britânicos do que uma predição e se nos limitarmos à história recente, têm razão, viverá uma revolução... para pior. Existe até uma piada recorrente na rede que dá conta que os europeus são os novos brasileiros: - "Estão dando olé no futebol. Ouvindo música lixo brasileira ('Assim você me mata...') e catando papel na ventania..."
     
Fonte: BBC

10 razões para diminuir o trabalho

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     A revista Time selecionou bons motivos para diminuir o ritmo no trabalho. A redatora Mita Dira postou um tweet da Indonésia em 14 dezembro dizendo que já estava há pelo menos 30 horas trabalhando. Poucas horas depois ela entrou em coma e morreu no dia seguinte vítima de exaustão e excesso de trabalho. Por conta deste e de outros casos, a revista americana Time elencou dez boas razões para que os profissionais evitem trabalhar tanto.  

     Quantidade mata qualidade

     Você quer ser excelente no que faz . Mas quanto mais tarefas você assumir, menor a chance de fazer um excelente trabalho em qualquer um deles. Corte itens da sua lista de tarefas, senão você pode errar naqueles que mais importam.

    

        Assuntos do sono

     "O caminho para uma vida mais produtiva e mais alegre passa por uma boa noite de sono", segundo Arianna Huffington em uma TED talk em 2011. Ela já passou por isso, chegou a desmaiar de cansaço e quebrar o maxilar. Agora é uma espécie de evangelista do sono. "Recentemente, fui jantar com um cara que se gabou de que ele tinha conseguido dormir apenas quatro horas na noite anterior". Ela respondeu: “se você tivesse dormido cinco, este jantar teria sido muito mais interessante."

     

     Você não presta quando é preciso

     Segundo a Time, entrar em uma reunião cansado e distraído não vale a pena. Você vai ser ruim para a geração de novas ideias e para encontrar soluções criativas para os problemas.

     

      Seu humor é um desmancha-prazeres

     O tipo de irritabilidade e impaciência que se passa com excesso de trabalho e atraso vai lançar uma nuvem negra sobre as pessoas ao seu redor, tanto no trabalho como em casa. Você é um funcionário que irá prejudicar a sua carreira. Se você é um pequeno empresário, irá prejudicar o seu negócio.


     Seu julgamento é prejudicado

    A pesquisa é precisa: a privação de sono prejudica a tomada de decisão. Como líder, o julgamento pobre é algo que você não pode pagar. Tirar algumas tarefas de sua lista de coisas a fazer pode significar que você use seu máximo de concentração e inteligência para as decisões difíceis que o seu trabalho exige.


     Você está dando um mau exemplo

     O horário de trabalho e o tom que você definiu para si mesmo provavelmente será espelhado pelo mais inteligente e mais ambicioso de seus empregados. Que tipo de líderes e chefes que você quer que eles sejam? Se você quer ideias mais brilhantes, então não crie um ambiente onde todos disputam para ver quantas horas eles podem trabalhar sem cair.


     Sempre haverá mais trabalho

     Se você executar o seu próprio negócio, há sempre um novo projeto para começar, um novo cliente de prosseguir ou uma nova tecnologia para experimentar. Isso pode ser uma coisa boa, mas só se você tiver tempo e energia para fazê-los com excelência.


     Você está machucando seus relacionamentos

     Pode haver pessoas na sua vida se sentindo excluídos. Não espere até que seja tarde demais.


     Você está estragando a sua saúde

     Será que Mita Diran sabia que ela estava arriscando sua vida por trabalhar tanto? Parece claro pelos seus tweets que não. Se tivesse, ela teria feito uma escolha diferente. Se você deixa o seu horário de trabalho interferir na sua alimentação e exercício físico regular, para não mencionar o sono, é possível que você esteja encurtando a sua vida por excesso de trabalho. Vale a pena?


     A maioria do trabalho é menos importante do que você pensa

     Há alguns anos, um homem atendeu pacientes em fase terminal. Aqueles que tinham tido carreiras lamentaram o número de horas que passaram no trabalho. Mas muitos de seus pacientes também falaram de sonhos que desejavam e que haviam realizado.

     Pergunte-se: em 10 anos, vou me preocupar com isso? Se a resposta for não, então provavelmente é hora de parar e ir descansar um pouco.

     Fonte: Revista Time, janeiro 2014.

Amor do pai é uma das maiores influências da personalidade da criança



Que o amor materno é fundamental para a vida de qualquer criança, não temos qualquer dúvida. Aliás, em pleno século XXI, nossa cultura ainda coloca sob responsabilidade (quase que exclusiva) da mãe os cuidados com os filhos (é uma criança que faz birra? Que bate no amiguinho? Que vai mal na escola? “A culpa é da mãe”, não é assim que ouvimos comumente por aí?).

Mas como fica o papel do pai nessa história? Pois um estudo recente mostrou que ele é fundamental na formação da personalidade da criança, e como ela desenvolverá diversas características até a idade adulta. Pesquisadores da Universidade de Connecticut, nos EUA, demonstraram que crianças de todo o mundo tendem a responder da mesma forma quando são rejeitados por seus cuidadores, ou por pessoas a quem são apegadas emocionalmente. E quando essa rejeição é do pai, diferentemente do que muitas pessoas acreditam, ela causa marcas profundas.

amor de pai

Segundo os estudiosos, que avaliaram 36 trabalhos envolvendo mais de 10.000 pessoas, entre crianças e adultos, a rejeição paterna tem essa influência tão marcante porque, em primeiro lugar, é mais comum do que a materna. E também porque a figura do homem é associada a prestígio e poder – ou seja, para a criança, é como se ela tivesse sido esquecida ou preterida por alguém que todos consideram importante.

Agora vem a parte mais triste: o estudo mostrou que as crianças sentem a rejeição como se ela realmente fosse uma dor física. As partes do cérebro ativadas quando um pequenino se sente rejeitado são as mesmas que se tornam ativas quando ele se machuca, com uma diferença: a dor psicológica pode ser revivida por anos, levando à insegurança, hostilidade e tendência à agressividade.

A boa notícia é que um pai presente e carinhoso tem exatamente o efeito contrário na formação da personalidade do filho: o pequeno cresce feliz, seguro e capaz de estabelecer ligações afetivas muito mais facilmente na vida adulta.
 
 

domingo, 1 de fevereiro de 2015

Porque os jovens profissionais da geração Y estão infelizes?

Esta é a Ana.
Ana é parte da Geração Y, a geração de jovens nascidos entre o fim da década de 1970 e a metade da década de 1990. Ela também faz parte da cultura Yuppie, que representa uma grande parte da geração Y.
“Yuppie” é uma derivação da sigla “YUP”, expressão inglesa que significa “Young Urban Professional”, ou seja, Jovem Profissional Urbano. É usado para referir-se a jovens profissionais entre os 20 e os 40 anos de idade, geralmente de situação financeira intermediária entre a classe média e a classe alta. Os yuppies em geral possuem formação universitária, trabalham em suas profissões de formação e seguem as últimas tendências da moda. – Wikipedia
Eu dou um nome para yuppies da geração Y — costumo chamá-los de “Yuppies Especiais e Protagonistas da Geração Y”, ou “GYPSY” (Gen Y Protagonists & Special Yuppies). Um GYPSY é um tipo especial de yuppie, um tipo que se acha o personagem principal de uma história muito importante.

Então Ana está lá, curtindo sua vida de GYPSY, e ela gosta muito de ser a Ana. Só tem uma pequena coisinha atrapalhando:

Ana está meio infeliz.

Para entender a fundo o porquê de tal infelicidade, antes precisamos definir o que faz uma pessoa feliz, ou infeliz. É uma formula simples:


É muito simples — quando a realidade da vida de alguém está melhor do que essa pessoa estava esperando, ela está feliz. Quando a realidade acaba sendo pior do que as expectativas, essa pessoa está infeliz.

Para contextualizar melhor, vamos falar um pouco dos pais da Ana:


Os pais da Ana nasceram na década de 1950 — eles são “Baby Boomers“. Foram criados pelos avós da Ana, nascidos entre 1901 e 1924, e definitivamente não são GYPSYs.


Na época dos avós da Ana, eles eram obcecados com estabilidade econômica e criaram os pais dela para construir carreiras seguras e estáveis. Eles queriam que a grama dos pais dela crescesse mais verde e bonita do que eles as deles próprios. Algo assim:


Eles foram ensinados que nada podia os impedir de conseguir um gramado verde e exuberante em suas carreiras, mas que eles teriam que dedicar anos de trabalho duro para fazer isso acontecer.

Depois da fase de hippies insofríveis, os pais da Ana embarcaram em suas carreiras. Então nos anos 1970, 1980 e 1990, o mundo entrou numa era sem precedentes de prosperidade econômica. Os pais da Ana se saíram melhores do que esperavam, isso os deixou satisfeitos e otimistas.
Tendo uma vida mais suave e positiva do que seus próprios pais, os pais da Ana a criaram com um senso de otimismo e possibilidades infinitas. E eles não estavam sozinhos. Baby Boomers em todo o país e no mundo inteiro ensinaram seus filhos da geração Y que eles poderiam ser o que quisessem ser, induzindo assim a uma identidade de protagonista especial lá em seus sub-conscientes.

Isso deixou os GYPSYs se sentindo tremendamente esperançosos em relação à suas carreiras, ao ponto de aquele gramado verde de estabilidade e prosperidade, tão sonhado por seus pais, não ser mais suficiente. O gramado digno de um GYPSY também devia ter flores.

Isso nos leva ao primeiro fato sobre GYPSYs:

GYPSYs são ferozmente ambiciosos
President1
O GYPSY precisa de muito mais de sua carreira do que somente um gramado verde de prosperidade e estabilidade. O fato é, só um gramado verde não é lá tão único e extraordinário para um GYPSY. Enquanto seus pais queriam viver o sonho da prosperidade, os GYPSYs agora querem viver seu próprio sonho.

Cal Newport aponta que “seguir seu sonho” é uma frase que só apareceu nos últimos 20 anos, de acordo com o Ngram Viewer, uma ferramenta do Google que mostra quanto uma determinada frase aparece em textos impressos num certo período de tempo. Essa mesma ferramenta mostra que a frase “carreira estável” saiu de moda, e  também que a frase “realização profissional” está muito popular.

Para resumir, GYPSYs também querem prosperidade econômica assim como seus pais – eles só querem também se sentir realizados em suas carreiras, uma coisa que seus pais não pensavam muito.
Mas outra coisa está acontecendo. Enquanto os objetivos de carreira da geração Y se tornaram muito mais específicos e ambiciosos, uma segunda ideia foi ensinada à Ana durante toda sua infância:
Este é provavelmente uma boa hora para falar do nosso segundo fato sobre os GYPSYs:

GYPSYs vivem uma ilusão

Na cabeça de Ana passa o seguinte pensamento: “mas é claro… todo mundo vai ter uma boa carreira, mas como eu sou prodigiosamente magnífica, de um jeito fora do comum, minha vida profissional vai se destacar na multidão”. Então se uma geração inteira tem como objetivo um gramado verde e com flores, cada indivíduo GYPSY acaba pensando que está predestinado a ter algo ainda melhor:

Um unicórnio reluzente pairando sobre um gramado florido.
Mas por que isso é uma ilusão? Por que isso é o que cada GYPSY pensa, o que põe em xeque a definição de especial:
es-pe-ci-al | adjetivo
melhor, maior, ou de algum modo
diferente do que é comum
De acordo com esta definição, a maioria das pessoas não são especiais, ou então “especial” não significaria nada.

Mesmo depois disso, os GYPSYs lendo isto estão pensando, “bom argumento… mas eu realmente sou um desses poucos especiais” – e aí está o problema.

Uma outra ilusão é montada pelos GYPSYs quando eles adentram o mercado de trabalho. Enquanto os pais da Ana acreditavam que muitos anos de trabalho duro eventualmente os renderiam uma grande carreira, Ana acredita que uma grande carreira é um destino óbvio e natural para alguém tão excepcional como ela, e para ela é só questão de tempo e escolher qual caminho seguir. Suas expectativas pré-trabalho são mais ou menos assim:

Infelizmente, o mundo não é um lugar tão fácil assim, e curiosamente carreiras tendem a ser muito difíceis. Grandes carreiras consomem anos de sangue, suor e lágrimas para se construir – mesmo aquelas sem flores e unicórnios – e mesmo as pessoas mais bem sucedidas raramente vão estar fazendo algo grande e importante nos seus vinte e poucos anos.

Mas os GYPSYs não vão apenas aceitar isso tão facilmente.

Paul Harvey, um professor da Universidade de New Hampshire, nos Estados Unidos, e expert em GYPSYs, fez uma pesquisa onde conclui que a geração Y tem “expectativas fora da realidade e uma grande resistência em aceitar críticas negativas” e “uma visão inflada sobre si mesmo”. Ele diz que “uma grande fonte de frustrações de pessoas com forte senso de grandeza são as expectativas não alcançadas. Elas geralmente se sentem merecedoras de respeito e recompensa que não estão de acordo com seus níveis de habilidade e esforço, e talvez não obtenham o nível de respeito e recompensa que estão esperando”.

Para aqueles contratando membros da geração Y, Harvey sugere fazer a seguinte pergunta durante uma entrevista de emprego: “Você geralmente se sente superior aos seus colegas de trabalho/faculdade, e se sim, por quê?”. Ele diz que “se o candidato responde sim para a primeira parte mas se enrola com o porquê, talvez haja um senso inflado de grandeza. Isso é por que a percepção da grandeza é geralmente baseada num senso infundado de superioridade e merecimento. Eles são levados a acreditar, talvez por causa dos constantes e ávidos exercícios de construção de auto-estima durante a infância, que eles são de alguma maneira especiais, mas na maioria das vezes faltam justificativas reais para essa convicção”.

E como o mundo real considera o merecimento um fator importante, depois de alguns anos de formada, Ana se econtra aqui:
A extrema ambição de Ana, combinada com a arrogância, fruto da ilusão sobre quem ela realmente é, faz ela ter expectativas extremamente altas, mesmo sobre os primeiros anos após a saída da faculdade. Mas a realidade não condiz com suas expectativas, deixando o resultado da equação “realidade – expectativas = felicidade” no negativo.

E a coisa só piora. Além disso tudo, os GYPSYs tem um outro problema, que se aplica a toda sua geração:

GYPSYs estão sendo atormentados

Obviamente, alguns colegas de classe dos pais da Ana, da época do ensino médio ou da faculdade, acabaram sendo mais bem-sucedidos do que eles. E embora eles tenham ouvido falar algo sobre seus colegas de tempos em tempos, através de esporádicas conversas, na maior parte do tempo eles não sabiam realmente o que estava se passando na carreira das outras pessoas.

A Ana, por outro lado, se vê constantemente atormentada por um fenômeno moderno: Compartilhamento de Fotos no Facebook.

As redes sociais criam um mundo para a Ana onde: A) tudo o que as outras pessoas estão fazendo é público e visível à todos, B) a maioria das pessoas expõe uma versão maquiada e melhorada de si mesmos e de suas realidades, e C) as pessoas que expôe mais suas carreiras (ou relacionamentos) são as pessoas que estão indo melhor, enquanto as pessoas que estão tendo dificuldades tendem a não expor sua situação. Isso faz Ana achar, erroneamente, que todas as outras pessoas estão indo super bem em suas vidas, só piorando seu tormento.
Então é por isso que Ana está infeliz, ou pelo menos, se sentindo um pouco frustrada e insatisfeita. Na verdade, seu início de carreira provavelmente está indo muito bem, mas mesmo assim, ela se sente desapontada.

Aqui vão meus conselhos para Ana:

1) Continue ferozmente ambiciosa. O mundo atual está borbulhando de oportunidades para pessoas ambiciosas conseguirem sucesso e realização profissional. O caminho específico ainda pode estar incerto, mas ele vai se acertar com o tempo, apenas entre de cabeça em algo que você goste.

2) Pare de pensar que você é especial. O fato é que, neste momento, você não é especial. Você é outro jovem profissional inexperiente que não tem muito para oferecer ainda. Você pode se tornar especial trabalhando duro por bastante tempo.

3) Ignore todas as outras pessoas. Essa impressão de que o gramado do vizinho sempre é mais verde não é de hoje, mas no mundo da auto-afirmação via redes sociais em que vivemos, o gramado do vizinho parece um campo florido maravilhoso. A verdade é que todas as outras pessoas estão igualmente indecisas, duvidando de si mesmas, e frustradas, assim como você, e se você apenas se dedicar às suas coisas, você nunca terá razão pra invejar os outros.